Minha vida foi acompanha pela trilha do Bowie. Trilha musical e trilha artística. Não, jamais me compararia a ele. Mas ele me inspira sempre. Desde pequena. Desde uma sessão da tarde, lá por volta dos meus 5 anos, quando vi o rei/bruxo de Labirinto! Apaixonei pela imagem, por ele e nem sabia que ele era ele, lá pelos meus 9/10 anos que liguei o personagem ao gênio Bowie. Foi quando ele começou a me inspirar.
Acredito que até pros meus pais, este texto, seja uma surpresa. Mas na minha pré- adolescência e adolescência, este artista mutante me inspirou. Sim. Quem me conhece BEM sabe que fui a adolescente CDF, metida a gótica, NERD, gordinha, espinhas, com gosto que não era muito comum para as meninas da minha geração. Estou falando do final dos 80 começo dos 90, época que não era “cool” NERD e afins. Sempre mergulhei nas artes, desde o útero! No colégio era igual, a guria que sempre desenhava, gostava de HQ, teatro, viciada em música e cultura pop/alternativa e nunca queria me vestir igual as outras pessoas – isso desde baby, mamis e papis que o digam, rola a história de umas botas azuis que eles tiveram que comprar porque eu amava. Bom, um dia nos idos de ClipTrip (ainda não tinha MTv) vi Bowie no clip que era do filme Labirinto. Começo de uma viciada no Bowie, fui vendo outros clipes que apareciam na Tv e pronto: descobri como o cara era incrível.
Comecei a ver as letras traduzidas que apareciam em programas de TV e na revista Bizz daquela época, não existia internet. Fui traduzindo e ao mesmo tempo aprendendo inglês. Entendo as letras fui entendo muito de muita coisa: arte, cultura, fantasia e que se sentir um “alien” no meio de tanta gente é comum. Muitas pessoas sentem, inclusive ele. Bowie mostrou que ser essa pessoa que no colégio tinha que enfrentar o hoje chamado bullying, não era fim do mundo, que esse meu lado “diferente” entre os outros adolescentes me fazia ser artista. Coisa que relutei muito tempo. Mas sei que sou uma designer/artista. Ele sem saber me inspirou! Quando em Educação artística chegamos na pop arte lá estava Warhol, o cara que ajudou a difundir o glitter rock, que Bowie era ícone.
Minha história com Bowie, com certeza, é parecida com a de muitos adolescentes da época, do 80 ou dos 2000.
No meu caso ele me inspirou e inspira a criar sempre. Em ver que criar fantasias nas minhas ilustrações e contos faz pessoas rirem, olharem o mundo de outra forma. Criar design para lojas, campanhas, embalagens e no que for pode inovar, desafiar a mim e tantos outros. Que a fantasia que já criei em palcos interpretando um que outro personagem é uma fuga da realidade pra mim e pra o espectador. Que ser esta pessoa de mente e alma criativa me faz sensível, talvez diferente de muito mas iguais que tantos outros. Que se quero alimentar esta alma criativa tenho que viver sem rótulos, viver criando todos os dias até o fim. Como ele fez, sexta ouvi o lançamento do último álbum, detalhe que apenas ele sabia que de fato seria o último.
Minha homenagem musical não será uma música dele, mas do Placebo com ele:
Momento Groupie
Tenho, temos, sorte de ter vivido na mesma época deste gênio.
Momento Designer EMO
Espero ter aprendido com Bowie a sempre criar e desafiar criando.